Os antioxidantes são compostos que ajudam a proteger o corpo de danos causados por moléculas instáveis conhecidas como radicais livres. Eles podem ser separados entre dois grandes grupos: aqueles que são produzidos no corpo (endógenos) ou aqueles obtidos pela dieta (exógenos). Dessa forma, os antioxidantes endógenos mais relevantes são a Superóxido Dismutase, Catalase, Peróxido de Glutationa e a Glutationa, enquanto os antioxidantes obtidos pela dieta podem ser representados pela vitamina C e E, por exemplo. É interessante comentar que essas vitaminas trabalham em conjunto, pois a vitamina C ajuda a reciclar a vitamina E ao seu estado reduzido, permitindo-a continuar a oxidar os radicais livres. Sendo assim, ao suplementa-las associadas há um maior potencial antioxidante.
No caso da vitamina C ou ácido ascórbico, ela desempenha outras funções que vão além da contenção de radicais livres pela doação de elétrons. Ela participa da facilitação da absorção de ferro, síntese de hormônios, neurotransmissores, carnitina, colágeno, hidroxilação de fatores de transcrição e desmetilação do DNA. Portanto, essa vitamina desempenha funções importantes para o corpo humano, sendo essencial seu consumo a partir da dieta já que o ser humano não consegue sintetizá-la por não possuir a enzima L-gulono-1,4-lactona oxidase. Vale lembrar também que o consumo em excesso de vitamina C não confere benefícios além do consumo adequado em condições normais, já que o transportador de vitamina C encontrado principalmente na região do íleo distal no intestino é saturável, levando a um aumento da excreção pela urina em doses como 500mg a 1g.
Sobre a vitamina E, também é amplamente conhecida como um potente antioxidante e isso se deve ao fato de que o grupo hidroxila no anel cromanol doa seu átomo de hidrogênio na presença dos radicais livres com o objetivo de reduzi-los. Além disso, já é bem evidenciado que essa vitamina possui propriedades anti-inflamatórias ao inibir a secreção de moléculas mediadoras da inflamação como os eicosanóides, o fator nuclear kappa beta (NF-kβ) e a enzima ciclooxigenase-2 (COX-2). Diferentemente do ácido ascórbico, a vitamina E é altamente dependente da gordura corporal, dos sais biliares e das enzimas pancreáticas, já que durante a sua absorção é compactada em quilomícrons no intestino e entra na circulação através do sistema linfático, tendo uma distribuição muito uniforme pelos tecidos e órgãos do corpo.
Quando pensamos em suplementação dessas vitaminas pensando na melhora da função antioxidante do corpo, temos estudos demonstrando redução de marcadores de dano oxidativo ao DNA e de produtos da oxidação do colesterol que trazem riscos à saúde por aumentar as chances de peroxidação lipídica e, consequentemente, o seu acúmulo nos vasos trazendo uma doença crônica conhecida como aterosclerose. Nesse sentido, a suplementação em 3 anos de doses altas dessas vitaminas promoveu a redução de eventos coronários e progressão para pacientes homens fumantes ou não fumantes e mulheres pós-menopausadas, que já tinham fatores de risco.
Além disso, há outros benefícios com a suplementação das vitaminas em conjunto, como a atenuação de danos musculares causados pela ação exacerbada de radicais livres em atletas de elite, apesar de não influenciar em adaptações fisiológicas como maior hipertrofia, capacidade aeróbica, força muscular, massa magra e desempenho de resistência. Por outro lado, apesar de muitos acreditarem que a sua suplementação pode reduzir a incidência e quantidade de dias com resfriado para o público praticante de atividades extenuantes, os estudos não são tão consistentes acerca desses dados e merecem uma interpretação cautelosa. No entanto, é fato que a deficiência dessas vitaminas pelo baixo consumo dietético afetam negativamente a resposta imunológica.
Ademais, em algumas condições de saúde suplementar altas doses dessas vitaminas pode trazer benefícios clínicos relevantes, como é o caso da fibrose hepática induzida por esteatose não alcoólica que foi atenuada pela suplementação de 2000mg das duas vitaminas somadas, revelando uma escala com menor grau de necrose das células do fígado em comparação a um grupo placebo, apesar de não haver diferença em parâmetros de inflamação e enzimas hepáticas. Na endometriose, por exemplo, em que ocorre a superprodução de mediadores inflamatórios devido ao alto estresse oxidativo, gerando muito desconforto e dores nas mulheres, a suplementação combinada de 1000 mg/dia de ácido ascórbico com 800 UI/dia de alfa-tocoferol para 60 mulheres jovens promoveu redução de escores para dores pélvicas, cólicas intensas e dores durante o sexo. Porém, destaca-se a importância da no consumo da vitamina C em altas doses para esse público, já que em alguns estudos têm-se proposto que essa vitamina pode participar da implantação do tecido endometriótico e aumento do volume de cistos endometrióticos.

 

Esse texto foi escrito por Alan Matheus (@alanmatheusnutri), baseado em artigos científicos. Todo material pode ser disponibilizado quando requerido. Se você ficou com alguma dúvida entre em contato conosco pelo e-mail: [email protected]. Respeite nosso material intelectual. Sempre que usar nossos textos, mencione o nome do autor e do site, por favor.

Acompanhe-nos nas redes sociais e não perca nenhuma notícia e/ou promoção (busque por @certosaude).

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *