Você já ouviu falar sobre o metabolismo? A palavra em si tem uma origem grega
interessante, derivada de "metabolē", que significa "mudar". Isso nos leva a uma fascinante
jornada através das reações químicas que ocorrem nas nossas células, e que são cruciais
para a nossa sobrevivência.
Imagine o metabolismo como um conjunto gigantesco de reações químicas, acontecendo
em milhões e milhões de células do nosso corpo. Esse conjunto de reações é o que
mantém a vida, é o que nos mantém funcionando. Existem dois caminhos que podem ser
trilhados dentro desse contexto: o catabolismo e o anabolismo.
O catabolismo envolve as reações que quebram grandes moléculas em moléculas menores.
É como a demolição em uma construção, liberando material para ser reutilizado. Por outro
lado, o anabolismo é a construção, o processo que transforma moléculas simples em
macromoléculas complexas.
Entretanto, é importante salientar que o anabolismo não é apenas sobre construir músculos.
Envolve também a síntese de qualquer molécula como ATP, por exemplo, a moeda
energética do nosso corpo. A formação de glicogênio a partir da glicose também é um
processo anabólico, assim como a síntese de triglicerídeos a partir de ácidos graxos.
Agora, você pode estar pensando que a janela anabólica está apenas relacionada à
construção de músculos. Mas não é bem assim. A "janela de oportunidade" ou "janela
anabólica" é uma ideia que surgiu no meio científico e ela se concentra na ingestão
estratégica de carboidratos e proteínas após o exercício.
Durante esse período pós-treino, o corpo passa por mudanças críticas no tecido muscular,
processos adaptativos e as células estão ávidas a receber e metabolizar os nutrientes. Por
exemplo, a insulina, um hormônio anabólico, diminui, enquanto hormônios catabólicos,
como o glucagon, aumentam. Hormônios como o cortisol, epinefrina e norepinefrina ainda
favorecem a quebra de proteínas para gliconeogênese e síntese de glicogênio.
Em termos simples, nesse momento, o metabolismo está direcionado para o catabolismo. A
glicose é liberada do glicogênio muscular e hepático para produzir ATP, os triglicerídeos se
quebram em ácidos graxos, e até o tecido muscular fornece aminoácidos.
Mas após o exercício, o ambiente metabólico muda. A glicose é mais facilmente captada
pelas células musculares, e a glicogênio sintase está mais expressa, acelerando a
ressíntese de glicogênio muscular.
Apesar da robusta teoria por trás da “janela anabólica” os estudos não encontraram
diferenças significativas em ganho de força ou massa muscular entre os grupos que
consumiram suplementos antes e depois do treino e aqueles que consumiram pela manhã e
à noite. Uma metanálise, inclusive descobriu que o ganho de massa muscular estava mais
relacionado com a quantidade total de proteína consumida do que com o momento
específico da ingestão. Isso pode ser explicado pelo fato da janela anabólica perdurar por
até 28 horas.
O exercício de alta intensidade pode aumentar a síntese de glicogênio por várias horas
após o treino. No entanto, em exercícios de baixa intensidade, essa janela parece ser mais
curta. Isso pode ser interessante para indivíduos que fazem 2 sessões de treinamento em
intervalos curtos de tempo, de modo a otimizar a recarga de glicogênio entre sessões.
Além do carboidrato, outros nutrientes podem acelerar a ressíntese de glicogênio, como a
proteína. Um estudo mostrou que a ingestão de proteína e carboidrato após o exercício
aumentou significativamente a ressíntese de glicogênio em comparação com apenas
carboidrato.
A cafeína também pode ser uma estratégia interessante para otimizar a absorção de glicose
e a ressíntese de glicogênio, tornando-se uma aliada valiosa na Janela Anabólica.
Dessa forma, fica claro que os estudos realmente comprovam a existência de uma
janela anabólica, no entanto um pouco diferente do que muitos pensam. A ideia de
que existe um ambiente metabólico e hormonal favorável para maximizar a síntese proteica fica apenas em teoria, pois quando é avaliado na prática, o mais importante para hipertrofia muscular é o consumo proteico e calórico adequado ao longo do dia. Talvez aproveitar a janela de oportunidades para maximizar a hipertrofia muscular seja a cereja do bolo e válida em atletas que contam com os mínimos detalhes para se tornarem os melhores. Apesar dos resultados não serem tão benéficos quanto a hipertrofia muscular e melhora de composição corporal, quando o assunto é acelerar a síntese de glicogênio muscular para sustentação de performance, a teoria já sai do papel e o que se vê na prática é realmente uma eficácia quanto ao aproveitamento desse momento para estocar energia. Contudo, isso é válido quando as sessões de treinamento são muito próximas umas das outras e a importância maior está relacionada com o consumo adequado de carboidratos ao longo dia, de modo a maximizar os estoques de glicogênio para a prova ou treino. Alguns nutrientes como cafeína e a proteína podem ser utilizados a fim de acelerar a absorção de glicose e síntese de glicogênio.
Esse texto foi escrito por Eduardo Novaes, baseado em artigos científicos. Todo material utilizado pode ser disponibilizado quando requerido. Se você ficou com alguma dúvida entre em contato conosco pelo e-mail [email protected]. Respeite nosso material intelectual. Sempre que usar nossos textos, mencione o nome do autor e do site, por favor. Acompanhe-nos nas redes sociais e não perca nenhuma notícia e/ou promoção (busque por @certosaude)